Golpes mais comuns no WhatsApp e como identificar sinais de fraude
Era uma manhã como qualquer outra quando a Juliana recebeu uma mensagem no WhatsApp. Era de um amigo pedindo ajuda: “Oi, preciso que você me envie um código que vai chegar no seu celular”. Sem pensar muito, ela digitou o número e enviou. Minutos depois, percebeu que seu WhatsApp havia sido desconectado. O amigo nunca havia mandado aquela mensagem.
Casos como o de Juliana estão se tornando cada vez mais frequentes no Brasil, e o WhatsApp, por ser uma ferramenta tão presente na vida das pessoas, virou alvo preferido de golpistas. Eles se aproveitam da confiança entre contatos, da falta de atenção e da pressa do dia a dia para aplicar truques que, muitas vezes, começam de forma inofensiva, mas podem causar grandes prejuízos.
Neste artigo, você vai conhecer histórias reais e aprender a reconhecer os golpes mais comuns no WhatsApp. Vamos explorar os sinais que podem indicar fraude, entender como os criminosos agem e por que qualquer um pode ser vítima. Leia com atenção e mantenha-se alerta para não cair nessas armadilhas.
A crescente ameaça dos golpes no WhatsApp
Nos últimos anos, o WhatsApp deixou de ser apenas um aplicativo de troca de mensagens para se tornar um verdadeiro centro de comunicação pessoal e profissional. Essa popularidade, no entanto, também atraiu a atenção de criminosos digitais. Segundo dados de órgãos de segurança e empresas de cibersegurança, milhares de tentativas de golpe ocorrem diariamente no Brasil, muitas delas usando o WhatsApp como porta de entrada.
O que torna esses golpes tão perigosos é a forma como eles exploram a confiança. Ao contrário de um e-mail suspeito que pode ser facilmente ignorado, uma mensagem no WhatsApp geralmente vem de alguém que aparenta ser conhecido — seja um amigo, um familiar ou até um colega de trabalho. Isso diminui a desconfiança e aumenta as chances de a vítima cair na armadilha.
Além disso, os golpistas estão cada vez mais sofisticados. Eles estudam o comportamento das vítimas, usam linguagem convincente e se aproveitam de situações reais, como promoções, problemas técnicos ou emergências falsas, para criar um senso de urgência. Essa combinação de confiança e pressa é o cenário perfeito para que o golpe funcione.
É nesse ambiente que surgem diferentes tipos de golpes, cada um com suas próprias estratégias e sinais de alerta. O primeiro e mais recorrente é o famoso golpe do código de verificação, responsável por boa parte dos casos de clonagem de contas no Brasil.
Golpe do código de verificação – O mais comum de todos
Entre todos os golpes que circulam no WhatsApp, o do código de verificação é, sem dúvida, o mais aplicado e, infelizmente, também um dos mais eficazes. Ele começa com uma ação simples: o golpista tenta registrar seu número de WhatsApp em outro dispositivo. Para isso, o aplicativo envia automaticamente um código de seis dígitos por SMS para o seu celular.
É nesse momento que entra a manipulação. O criminoso, se passando por um contato confiável — como no caso da Juliana que vimos na introdução — envia uma mensagem pedindo que você repasse o código “por engano” recebido. Muitas vezes, a justificativa é convincente: um cadastro em promoção, um sorteio ou até um suposto erro técnico. Sem perceber o perigo, a vítima fornece o número, entregando de bandeja o acesso à própria conta.
Uma vez com o código em mãos, o golpista consegue acessar o seu WhatsApp e, rapidamente, começa a enviar mensagens para seus contatos. O objetivo? Pedir dinheiro emprestado, espalhar links maliciosos ou até obter mais códigos para clonar novas contas. Esse golpe é especialmente perigoso porque, além de roubar a conta, ele se espalha rapidamente pela rede de contatos da vítima, criando um efeito dominó.
Histórias como essa mostram por que é fundamental entender como o golpe funciona. Reconhecer o padrão da abordagem e saber que o WhatsApp nunca pedirá um código por mensagem são passos cruciais para se proteger. No entanto, este está longe de ser o único esquema que ameaça os usuários — e o próximo é igualmente prejudicial.
Golpe da conta falsa se passando por um conhecido
Imagine receber uma mensagem de um número desconhecido, mas com a foto e o nome de um amigo ou familiar. A abordagem geralmente começa com um “Oi, troquei de número” ou “Perdi o celular, salva meu novo contato”. Esse é o início do golpe da conta falsa, um esquema em que os criminosos criam um perfil no WhatsApp imitando alguém próximo à vítima para ganhar sua confiança.
Depois de estabelecer contato, o golpista começa a conduzir a conversa de forma amigável e natural. Em pouco tempo, ele inventa uma situação de emergência: um pagamento urgente, uma dívida inesperada ou até uma oportunidade imperdível de investimento. O pedido de dinheiro costuma vir acompanhado de pressa e insistência, criando um senso de urgência que faz a vítima agir sem questionar.
Um exemplo real aconteceu com o Carlos, que recebeu uma mensagem de um suposto primo pedindo um PIX para pagar um conserto de carro. O número era novo, mas a foto e o jeito de escrever eram idênticos ao do primo verdadeiro. Sem desconfiar, Carlos fez a transferência. Só depois descobriu que tinha caído em um golpe, e o dinheiro já havia sido transferido para várias contas, tornando quase impossível o rastreamento.
O golpe da conta falsa é tão eficiente porque se apoia na confiança e no vínculo pessoal. Muitas vítimas relatam que nem sequer cogitaram a possibilidade de fraude até perceberem, tarde demais, que tinham sido enganadas. E assim como em outros casos, a tecnologia e as redes sociais facilitam a obtenção de informações para que os golpistas criem perfis convincentes.
Golpe de phishing com links maliciosos
O golpe de phishing é um dos mais antigos da internet, mas no WhatsApp ele ganhou uma nova roupagem. Nesse esquema, o golpista envia mensagens com links que prometem ofertas irresistíveis, cupons de desconto, vagas de emprego ou prêmios. Tudo parece legítimo — o texto é convincente, as imagens imitam empresas conhecidas e até o endereço do site pode lembrar o oficial. Mas, ao clicar, a vítima é direcionada para uma página falsa criada para roubar dados pessoais.
Essas páginas costumam pedir que o usuário preencha formulários com nome, CPF, endereço, e-mail e até informações bancárias. Em outros casos, o simples clique no link já instala um malware no celular, capaz de capturar senhas e monitorar atividades. É um golpe silencioso e perigoso, porque muitas vítimas só percebem que foram lesadas semanas ou meses depois, quando começam a surgir transações estranhas ou acessos não autorizados a contas online.
Um caso emblemático foi o de Fernanda, que recebeu um link de um suposto “voucher de R$ 200” de uma rede famosa de supermercados. O design da mensagem e do site era impecável, e a promoção parecia real. Ao inserir seus dados, ela deu acesso não só a informações pessoais, mas também ao e-mail vinculado às suas redes sociais, permitindo que os criminosos ampliassem o alcance da fraude.
O golpe de phishing no WhatsApp é perigoso justamente porque mistura urgência, recompensa e credibilidade. Em muitos casos, as mensagens são compartilhadas em grupos de amigos ou família, aumentando a sensação de segurança — quando, na verdade, o perigo está a um clique de distância.
Golpe do falso suporte do WhatsApp
Entre os golpes mais sofisticados, o do falso suporte do WhatsApp tem ganhado espaço. Nele, o criminoso se apresenta como um representante oficial do aplicativo, entrando em contato para “resolver um problema” na conta da vítima. A abordagem pode vir por mensagem no próprio WhatsApp ou até por ligação telefônica, usando um tom profissional e convincente.
O golpista normalmente diz que houve uma tentativa de acesso suspeito, uma violação dos termos de uso ou que é necessário confirmar dados para evitar a suspensão da conta. Em seguida, solicita que a vítima informe o código de verificação enviado por SMS ou outros dados sensíveis, como e-mail e PIN da verificação em duas etapas. Tudo isso com o objetivo de assumir o controle da conta.
Foi assim que aconteceu com Mariana. Ela recebeu uma ligação de um número com DDD de São Paulo, onde o interlocutor se identificou como “Equipe de Segurança do WhatsApp”. O tom era sério e o discurso, técnico. Em poucos minutos, Mariana forneceu o código de seis dígitos, acreditando estar protegendo sua conta. No entanto, minutos depois, ela foi desconectada do aplicativo — e o invasor começou a pedir dinheiro para seus contatos.
Esse golpe é eficaz porque explora a autoridade e a urgência. Muitas pessoas acreditam que estão falando com uma entidade legítima e não se dão conta de que o WhatsApp nunca entra em contato pedindo códigos ou informações confidenciais. O conhecimento dessa regra simples pode evitar que muita gente caia nessa armadilha.
Golpe de sorteios e prêmios inexistentes
O golpe de sorteios e prêmios inexistentes é um velho conhecido, mas continua enganando milhares de usuários do WhatsApp todos os anos. Nele, o criminoso envia uma mensagem dizendo que a vítima foi contemplada com um prêmio, seja por meio de um sorteio, uma promoção especial ou até uma suposta campanha de aniversário de grandes empresas. A promessa é tentadora: smartphones, eletrodomésticos, vales-compra ou até quantias em dinheiro.
A mensagem geralmente inclui um link para “resgatar” o prêmio, que direciona a vítima para uma página falsa. Lá, são solicitados dados pessoais, número de documentos e, em alguns casos, informações bancárias sob o pretexto de “pagar o frete” ou “confirmar a identidade”. Em outras versões, o link instala aplicativos maliciosos que comprometem a segurança do aparelho.
Foi o que aconteceu com Roberto, que recebeu uma mensagem dizendo que havia ganhado um celular de última geração em um sorteio de uma grande operadora. A página tinha logotipo, cores e até termos de uso copiados do site oficial, mas tudo era falso. Ele acabou preenchendo suas informações, e, dias depois, começaram a surgir compras online que ele nunca havia feito.
Esse golpe se aproveita do desejo das pessoas de receber algo de graça e do impulso de agir rapidamente para não “perder a oportunidade”. O senso de urgência, combinado com a ilusão de benefício, faz com que muitas vítimas não parem para verificar a veracidade da oferta. E, uma vez que os dados são entregues, os prejuízos podem se estender por meses.
Golpe do WhatsApp Web não autorizado
O golpe do WhatsApp Web não autorizado explora um recurso legítimo do aplicativo para espionar conversas e atividades. O WhatsApp Web foi criado para permitir que o usuário acesse suas mensagens pelo computador, mas, nas mãos erradas, pode ser usado para monitorar tudo o que é enviado e recebido em tempo real.
O golpe começa quando o criminoso consegue acesso físico ao celular da vítima, mesmo que por alguns minutos. Ele abre o WhatsApp, acessa a opção Aparelhos conectados e escaneia o código QR do seu próprio computador. A partir desse momento, tudo o que a vítima fizer no aplicativo será replicado na tela do invasor, sem que ela perceba.
Um exemplo é o caso de Patrícia, que trabalhava em um escritório e deixou o celular destravado na mesa enquanto se ausentava para uma reunião. Um colega mal-intencionado aproveitou para conectar o WhatsApp dela ao computador e, durante semanas, leu suas conversas particulares, incluindo trocas com clientes e familiares.
Esse tipo de golpe é especialmente perigoso porque não exige software malicioso nem grandes habilidades técnicas. Além disso, muitas vítimas só percebem o problema quando vão verificar os aparelhos conectados ou notam comportamentos estranhos nas conversas. Por isso, é fundamental revisar periodicamente a lista de dispositivos autorizados no WhatsApp Web e desconectar aqueles que não reconhece.
Como identificar sinais de fraude antes que seja tarde
Reconhecer um golpe no WhatsApp antes que ele cause prejuízos é uma questão de atenção e conhecimento. A maioria das fraudes deixa pistas claras, mas muitas vezes o usuário as ignora por pressa, confiança excessiva ou falta de informação. Estar atento a esses sinais pode ser a diferença entre manter sua conta segura ou se tornar mais uma vítima.
Um dos primeiros alertas é qualquer pedido de código de verificação. O WhatsApp nunca solicita esse código por mensagem ou ligação, e nenhum contato legítimo deveria pedir que você o compartilhasse. Outro indício é a criação de urgência sem motivo claro: mensagens que exigem resposta imediata, ameaçam consequências ou prometem recompensas relâmpago geralmente escondem armadilhas.
Links recebidos por mensagens também merecem atenção. Antes de clicar, é essencial verificar se o endereço é realmente oficial e se foi enviado por alguém de confiança. Sites falsos podem ter nomes muito parecidos com os originais, mas com pequenas alterações na escrita. Além disso, mensagens com erros de gramática, imagens de baixa qualidade ou instruções confusas costumam ser indícios de fraude.
Por fim, desconfie sempre de contatos que mudam de número e, logo em seguida, pedem dinheiro ou informações pessoais. Nesses casos, confirme por outro meio — como ligação telefônica — antes de tomar qualquer ação. A prevenção começa com a consciência de que, no ambiente digital, a cautela é sua melhor defesa.
Conclusão
Os golpes no WhatsApp se tornaram uma ameaça constante porque exploram algo fundamental nas relações humanas: a confiança. Ao se passar por conhecidos, criar situações de urgência ou oferecer recompensas falsas, os criminosos conseguem manipular emoções e induzir decisões precipitadas. As histórias apresentadas aqui mostram que qualquer pessoa pode ser alvo, independentemente de idade, profissão ou conhecimento tecnológico.
Mais do que conhecer os tipos de golpe, é essencial adotar uma postura de vigilância. Questionar mensagens incomuns, verificar links antes de clicar e desconfiar de solicitações de códigos ou dados pessoais são atitudes simples que reduzem significativamente o risco de fraude.
Lembre-se: no mundo digital, proteger suas informações é tão importante quanto trancar a porta de casa. A atenção diária e o conhecimento sobre as táticas usadas pelos golpistas são suas melhores armas para manter sua conta segura e preservar sua tranquilidade.
FAQ – Perguntas Frequentes
1. Como saber se meu WhatsApp foi alvo de um golpe?
Você pode perceber sinais como mensagens enviadas sem sua autorização, desconexão inesperada da conta, pedidos de código de verificação ou contatos reclamando de conversas estranhas.
2. É possível evitar totalmente golpes no WhatsApp?
Não há garantia de proteção total, mas adotar medidas como verificar contatos, evitar clicar em links suspeitos e ativar a verificação em duas etapas reduz muito o risco.
3. O que devo fazer se receber um pedido de código por mensagem?
Nunca forneça. Apague a mensagem e, se possível, avise o contato que o número dele pode estar comprometido.
4. Golpistas conseguem acessar minhas conversas antigas?
Se tiverem acesso ao backup ou à sua conta ativa, sim. Por isso, proteja seus backups com criptografia e não compartilhe credenciais.
5. Como identificar um link malicioso no WhatsApp?
Observe o endereço com atenção. Pequenas alterações na grafia, domínios desconhecidos e erros de escrita são sinais claros de fraude.